Pausa na Viagem: [RESENHA] “O SEMEADOR DE IDEIAS” (Augusto Cury)
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[RESENHA] “O SEMEADOR DE IDEIAS” (Augusto Cury)



Autor(a): Augusto Cury / Editora: Planeta/Academia de Inteligência / Ano: 2011 / ginas: 272
Confesso que minha reação ao abrir o pacote de presente e dar de cara com um livro de Augusto Cury foi algo como “argh! Autoajuda?!”, embora sorrisse e agradecesse minha tia com educação.

Sim, acho que fui tomado pelo chamado “preconceito literário”. E sim, continuo tendo aversão a qualquer obra de autoajuda que mais pareça uma fórmula mágica para encontrar a felicidade - ou o que quer que isso signifique para o seu autor. Entretanto, como geralmente acontece com as primeiras impressões, a minha estava enganada.

Não sei como classificar “O Semeador de Ideias" - se autoajuda, filosofia, romance ou bíblia humanista -, mas não é esta a questão. Soube que seu conteúdo deveria ter algo de especial ao confirmar a impressionante marca alardeada na capa: "12 milhões de exemplares vendidos no Brasil". No Brasil! Na verdade, minha ficha ainda está caindo.

Narrada por Júlio César, um professor de Sociologia frustrado, a história acompanha os passos de um intrigante maltrapilho que vaga pelas ruas da cidade como uma espécie de profeta, arrebanhando cada vez mais seguidores. Seu raciocínio e capacidade de instigar a inteligência dos que o escutam impressionam desde jornalistas até celebridades.

O profeta social - constantemente identificado como Mestre ou Semeador de Ideias - é ninguém menos que o bilionário Mellon Lincoln, proprietário de uma das maiores companhias do planeta que caíra em desgraça após a morte da esposa e filhos em um ato terrorista. Sentindo-se culpado e absolutamente perdido, ele passa por uma série de eventos que o levam à indigência.

Na nova fase de sua vida, Mellon passa a refletir sobre os problemas sociais e psíquicos, protagoniza um impactante monólogo diante de Deus e começa a - com o perdão do trocadilho - semear ideias. Em seu grupo de discípulos estão Júlio César; Barnabé e Bartolomeu, dois bêbados que vivem competindo entre si; Mônica, uma modelo fora dos padrões; Jurema, uma professora idosa e viúva; Salomão, um jovem portador de transtorno obsessivo-compulsivo; Jacob, um judeu; e Salim, muçulmano, entre vários seguidores eventuais.

Os capítulos iniciais, que abordam questões religiosas, deixam claro que Lincoln é uma espécie de Jesus Cristo contemporâneo. Um messias cheio de falhas e defeitos, mas de grande sabedoria. Sua filosofia encanta e inspira, o que torna a leitura fluida. Eu, que particularmente passava por um período de inquietação espiritual, me senti impelido a descobrir as novas lições que aquele personagem fascinante reservava.

O autor soube dosar as teorias do Semeador de Ideias com a trama em si, que - contrariando o que pensei no início - não fica em segundo plano. A trajetória de Lincoln é tão interessante que a história não fica cansativa em momento algum. As situações - tanto os debates quanto os eventos que dão sequência à trama -, são muito bem amarrados, salvo uma ou duas exceções.

Merecem destaque personagens secundários como Mark Sagan, diretor-presidente de uma das empresas de Mellon, e a intrépida jornalista Ana Cláudia, cujas presenças apenas enriquecem a trama e fomentam as reflexões. Em contrapartida, alguns personagens - em especial os discípulos do Semeador de Ideias - poderiam ter rendido mais.

Com abordagens instigantes, desenvolvimento inteligente e um desfecho eletrizante, “O Semeador de Ideias" entrou para a minha lista de favoritos. Ouso dizer que é uma obra genial! Não irá agradar a gregos e troianos, mas recomendo que deixem o "preconceito literário" de lado e leiam. Pelo menos um pensamento, uma frase ou um personagem ficará gravado na mente e no coração.

2 comentários:

  1. Nunca li nada do Cury, mas o cara tem fãs fieis, então alguma coisa boa deve ter! ;) Bacana abandonar o preconceito literário e se jogar de cabeça, né? Ler é sempre positivo, não importa qual gênero. Acho que ia gostar dessas questões religiosas que vc comentou! :)

    Beijooooooooos

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    Respostas
    1. Não é? Até hoje me surpreendo por ter gostado tanto do livro.

      Beijo!!

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