Pausa na Viagem: [RESENHA] "DOM CASMURRO" (Machado de Assis)
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[RESENHA] "DOM CASMURRO" (Machado de Assis)


Autor(a): Machado de Assis / Editora: Nova Cultural / Ano: 1981 (texto original de 1900) /Páginas: 174
Sei que chega a ser desnecessário, mas segue uma sinopse básica da obra:

Dom Casmurro" narra, em primeira pessoa, a vida do advogado Bento Santiago. Nascido em uma família tradicional do Rio de Janeiro, o jovem Bentinho vê-se no centro de um dilema que envolve uma promessa feita pela mãe - a de enviá-lo ao seminário e fazê-lo padre - e os sentimentos adolescentes que nutre pela vizinha, Capitu.

Bentinho e Capitu, cientes do amor mútuo, passam a armar estratégias para evitar que o protagonista siga seu rumo predestinado. E é a partir daí que surge o terceiro vértice do triângulo amoroso mais célebre - e duvidoso - da história da literatura brasileira: Escobar.

Antes de prosseguir, quero frisar que “Dom Casmurro" não é leitura recomendada para leitores iniciantes - incluo aqui aqueles que leem por pura obrigação ou sequer cultivam o hábito da leitura, apesar de formalmente alfabetizados.

Não se pode esperar que jovens vestibulandos sejam cativados à literatura através de nomes como Machado de Assis. Reduzir a literatura - mais especificamente, a “literatura de qualidade” - a clássicos densos e rebuscados é elitizar a cultura e, pior ainda, afastar leitores potenciais.

Não estou, com isso, desmerecendo a qualidade da obra - que já se provou indiscutível -, mas alertar para o preconceito existente entre intelectuais e pseudointelectuais, habituados a marginalizar manifestações artísticas mais populares e provocar a consequente debandada de cidadãos que, se talvez fossem apenas incentivados ao invés de forçados, poderiam desenvolver o prazer pela leitura.

Voltemos ao livro…

Dom Casmurro" tem suas qualidades e méritos óbvios. É uma obra magistralmente escrita, que apresenta um retrato crítico da sociedade carioca do século XIX e reúne personagens impecavelmente construídos.

Machado de Assis é mestre consagrado, e faz jus ao título. Seu romance é extremamente sensível, sem ser piegas. Inteligente, sem pretensões “intelectoides”. No entanto, devo confessar que foi uma das leituras mais arrastadas, exigentes e meticulosas que já experimentei. Não me arrependo, mas posso classificar a experiência como uma batalha vencida. rsrs’

Bentinho é um personagem completo e repleto de nuances, mas caí de amores por Capitu. Esta, sim, um show à parte. Capitolina Pádua é uma das melhores personagens já criadas pelos gênios da literatura. De personalidade marcante, é esperta, dissimulada, irresistível, encantadora e feminina.

Correndo o risco de cometer uma heresia, mas despido de qualquer temor neste sentido, posso comparar “Dom Casmurro" a uma novela das seis, daquelas que prendem o espectador em suas épocas longínquas e o fazem redescobrir o mundo e a História por meio de tramas que, de um jeito ou de outro, refletem o paradoxo de que os tempos podem mudar, mas certas coisas permanecem sempre as mesmas.

Excelente!

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