Pausa na Viagem: [RESENHA] "SONHOS" (Alyson Noël)
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[RESENHA] "SONHOS" (Alyson Noël)


 
"Aquele velho ditado - ignorância é uma bênção - finalmente faz sentido. Os ignorantes são definitivamente os que tem sorte. Mas, infelizmente para mim, não faço mais parte desse grupo. Rompi com suas fileiras" (p. 96).
Autor(a): Alyson Noël / Tradutor(a): Marcia Blasques / Série: The Soul Seekers (#1) / Editora:LeYa / Ano: 2012 / Páginas: 320
"Sonhos" é o primeiro volume da série “The Soul Seekers”, escrita por Alyson Noël e publicada pela editora LeYa. O segundo volume, “Eco”, já foi publicado no Brasil e, segundo o site oficial da autora (http://www.alysonnoel.com/) a série tem, ao todo, quatro livros. Além disso, seus direitos foram vendidos para o cinema.
"Sonhos"é um romance teen sobrenatural que narra a história de Daire Santos, uma adolescente de dezesseis anos cuja vida passa longe da ideia de normalidade, ou mesmo de estabilidade, que a maioria das pessoas da sua idade conhecem.
Daire é filha de Jennika, uma requisitada maquiadora de Hollywood que se tornara mãe muito cedo, e não tem uma casa para chamar de lar. Seu lar são os sets de filmagem, para onde é arrastada toda vez que Jennika é chamada para um trabalho. Mas este parece ser o menor dos problemas de Daire quando estranhas visões de corvos e “pessoas brilhantes” - alucinações que a garota sempre tivera, mas nunca dera a devida importância - se intensificam, ao mesmo tempo que sonhos misteriosos com um rapaz que nunca vira pessoalmente passam a visitá-la.
Durante uma estadia no Marrocos, a garota tem um surto e é diagnosticada com algum tipo de distúrbio psicológico, o que obriga Jennika a levá-la de volta para Los Angeles enquanto estuda a melhor forma de resolver a questão. Nos EUA, no entanto, uma solução inesperada aparece: Paloma, a avó desconhecida de Daire, surge do nada com uma proposta nada ortodoxa de tratamento.
E é aí que a vida da garota muda completamente. Convivendo com a avó, Daire descobre pertencer a uma extensa linhagem de Buscadores de Almas, pessoas capazes de se conectar a mundos sobrenaturais e de enxergar aquilo que os seres humanos comuns ignoram. Ela tem uma missão, embora não saiba exatamente do que se trata.
"Sonhos"é uma leitura difícil de classificar, pelo menos para mim.  A autora escreve muito bem, muito mesmo. Tem um talento inato com as palavras. É óbvio que fez uma abrangente pesquisa sobre o mundo xamânico, embora as informações presentes no livro sejam geralmente vagas e confusas.
A narrativa é uma montanha-russa, cheia de altos e baixos. Quando o texto se mostra ágil e envolvente é para, logo em seguida, cair na morosidade novamente. Não que o livro seja ruim, mas precisei de paciência e alguma boa vontade para não abandonar a leitura em certas passagens.
Também não posso deixar de lembrar que este livro é uma introdução, já que há claramente muita coisa a ser explorada nos volumes seguintes. O problema é que Noël parece ter levado este caráter introdutório ao pé da letra, jogando informações para o leitor de maneira forçada e quase didática. Aliás, o enredo é pouco convincente em sua primeira parte. A resistência inicial de Daire é perfeitamente compreensível - eu mesmo, no lugar dela, não teria outra atitude -, mas, a uma certa altura da trama, ela parece aceitar as coisas de maneira mais passiva. A boa notícia é que, em sua segunda parte, "Sonhos"melhora consideravelmente (embora ainda haja a supracitada “montanha-russa”).
Mas se a história do livro é um novelo instável, seus personagens são carismáticos - em maior ou menor nível. Apesar dos pesares, me identifiquei com a protagonista, que, apesar de determinada e rebelde, é a pessoa mais vulnerável em toda a situação. Seu par romântico, Dace, é um típico mocinho de livros adolescentes, mas conquista até o mais insensível dos corações com sua paciência e amabilidade. Paloma é uma senhora cativante e cheia de mistérios. O veterinário Chayson, um docinho de coco que merecia mais atenção. Até a amiga de nome impronunciável de Daire, que aparece ao longo da trama, tem seu destaque - e, na minha opinião, se mostra uma das melhores personagens. A decepção fica por conta dos vilões… não vou explicar por quê. Leiam o livro e tirem suas próprias conclusões. rsrs’
Cheguei ao final de "Sonhos" com a sensação de que queria ter curtido mais o livro. É sério. Não é uma história ruim - é uma boa ideia, que foi desenvolvida aquém de suas potencialidades. Mas pelo menos uma coisa me serviu de consolo: o gancho para “Eco” é interessante. Cruzo os dedos para que a sequência me pegue de jeito, o que, infelizmente, não aconteceu com este volume.


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